Eu era repórter oficial do Festival de Cinema do Rio, em 2002, se não me engano. No final da entrevista que eu fazia com um cineasta que admiro muito, foi a vez dele me perguntar: - Vc é atriz? - Não, jornalista. - Deveria ser! Fiquei encucada. Aquilo vinha da boca do Luiz Fernando Carvalho (de Lavoura Arcaica), um dos melhores do Brasil. Mas logo esqueci do papo, correndo atrás dos próximos entrevistados. No dia seguinte, fui entrevistar Beto Brant (do Invasor), outro que amo muito, nem precisa dizer por que. Quando o abordei para começarmos a gravar, ele falou: - Opa, te confundi com uma atriz... A Cléo Pires. Sorri sem graça. E ele: - Vc tem sorriso de musa, hein? Poderia virar atriz. Todos riram e começamos a gravar. Isso voltou a minha cabeça neste ano que começa e que se abre em possibilidades. Será que eu conseguiria deixar de buscar a realidade e mergulhar de vez na ficção? Será que me daria bem esquecendo de mim para viver outra pessoa? Será que conseguiria beijar alguém sem v