(foto em Budapeste/ Hungria)
Descobri porque leio um milésimo do que gostaria! Toda vez que começo a ler um livro, um poema, uma crônica, quando chego na terceira linha minha mão começa a tremer para escrever. Sou assim mesmo: muito mais output que input. Para tudo! Falo demais, amo escrever, adoro cantar. São necessidades quase básicas, sem elas não vivo bem. Se não falo, adoeço. Se não canto, entristeço, se não escrevo, esqueço.
Acabo de ler linhas de “Budapeste”, do meu mestre maior. Acho que se um dia eu vir o Chico pela rua, perco a pose. Trato de lhe dar um beijo na boca, ajoelho a seus pés, ou apenas... desmaio! Viro qualquer coisa que não seja eu, se encontrar esse Deus.
É que sou meio metida a besta. Gosto de água gasosa em taça de rico. São diários regalos micros a que me permito. Por que no dia-a-dia, sou moleca de rua. Curto um metrô cheio só para inventar histórias sobre todos aqueles personagens reais que me encaram, e nem sonham quem sou eu. E eu, como eles, crio o que quero sobre cada um: de onde vêm, pra onde vão, que nome têm, de onde são... Invento até coisas sobre mim quando estou no metrô. Se ouço música então... O metrô me leva a Budapeste, Nova Iorque, Londres ou qualquer lugar que eu deseje! Afinal, sozinha naquele vagão às 23h30, surfando no corredor, sou mesmo dona daquilo tudo: do destino, do ponto de partida, do caminho. Não temo morrer, só naquele vagão à noite, mesmo sabendo que se morrer em São Paulo não viro notícia. Temo que não avisem nem à minha mãe. Por isso, parei de beber no meu primeiro ano em Sampa. Aqui não há amigo, pai, irmão para me salvar. Salve-se quem puder e trabalhe muito para sua redenção.
Eu escrevia toda noite, quando cheguei em SP. Sozinha no flat, um vinho em taça de rico (é, acho que bebia um pouco sim), música ao pé do ouvido e computador no carpete. Naquela época fiz muitos escritos.
Agora, num apê lindo, escrevo muito pouco. Mas meu amor dormindo, água gasosa em taça de rico, leio Chico... Inevitável, rabisco.
Denise Barra
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