Recebi este e-mail do Alisson, um amigo, e achei divertidíssimo. Como eu tinha dito, a crise política do Brasil é cômica, se não fosse trágica.
ESCÂNDALO E LITERATURA
O caso do dinheiro na cueca
À moda Haicai:
"Cueca e dinheiro,o outono da ideologia do vil companheiro."
À moda Machado de Assis:
"Foi petista por 25 anos e 100 mil dólares na cueca"
À moda Dalton Trevisan:
"PT. Cem mil. Cueca. Acabou."
À moda concretista:
"PT
cueca
cu
PT
eca
peteca
tepeca
cloaca".
À moda Graciliano Ramos:
"Parecia padecer de um desconforto moral. Eram os dólares a lhe pressionar os testículos".
À moda Rimbaud:
"Prendi os dólares na cueca, e vinte e cinco anos derutilantes empulhações cegaram-me os olhos, mas não o raio-x."
À moda Álvaro de Campos:
"Os dólares estão em mim já não me soumesmo sendo o que estava destinado a ser nunca fui senão isto: um estelionato moral na cueca das idéias vãs."
À moda Drummond:
"Tinha um raio-x no meio do caminho,e agora José?"
À moda Proust:
"Acabrunhado com todas aquelas denúncias e a perspectiva de mais um diatão sombrio como os últimos, juntei os dólares eelevei-os à cueca. Masno mesmo instante em que aquelas cédulas tocaram aminha pele,estremeci, atento ao que se passava de extraordinário em mim. Invadira-me um prazer delicioso, isolado, semnoção da sua causa. Esse prazer logo me tornara indiferente às vicissitudes da vida,inofensivos seus desastres, ilusória sua brevidade,tal como o fazem a ideologia e o poder, enchendo-me de uma preciosaessência."
À moda Kafka:
"Naquela manhã, K. acordara com os testículos embrulhados num gigantesco maço de notas novas."
À moda James Joyce:
" Aquele que se aproxima é o raio x... Lendo duas páginas por noite termino semana que vem... Por que me olha a funcionária dessa forma? Ninfomaníaca... O carpete granulado desaparecera sobseus pés, a esteirarolava a conduzí-lo, sabe-se lá para onde. Termino aleitura no avião.Me coçam as bolas, me embrulham essas folhasretangulares de cor-sem-corem tom pastel... Caso morra, é preciso enviar cópias a todas as bibliotecas do mundo, inclusive Alexandria. Ela é maníaca, não bastava me olhar assim, com esses olhos, e agora me quer tocar assim, com essas mãos, vai me conduzir à sala vip... o que fazer comela? Se eu mijasse destruía as cédulas?"
À moda TS Eliot:
"Que dólares são estes que se agarram a estaimundície pelancosa? Filhos da mãe! Não podem dizer! Nem mesmo estimam. O mal porque conhecem não mais do que um tanto deidéias fraturadas, batidas pelo tempo.E as verdades mortas já não mais os abrigam nem consolam."
À moda Lispector:
"Guardei os dólares na cueca e senti o prazer terrível da traição. Nãoa traição aos meus pares, que estávamos juntos, mas a séculos de umacrença que eu sempre soube estúpida, emboraapaixonante. Sentia-me ao mesmo tempo santo e vagabundo, mártir de uma causa e seu mais sujoservidor, nota a nota".
À moda Lênin:
"Não escondemos dólares na cueca, antes afrontamos osfariseusda social-democracia. Recorrer aos métodos que a hipocrisia burguesa criminaliza não é, pois, crime, mas ato de resistência e fratura revolucionária. Não há bandidos quando é aordem burguesa que está sendo derribada. Robespierre não cortava cabeças, mas irrigava futuros como sangue da reação. Assim faremos nós: o dólar na cueca é uma arma que temos contra os inimigos do povo. Não usá-la é fazer ojogo dos que querem deter a revolução. Usá-la é dever indeclinável de todo revolucionário."
À moda Stalin:
"Guarda a grana e passa fogo na cambada!"
À moda Gilberto Gil:
"Se a cueca fosse verde como as notas, teríamos resgatado o sentidode brasilidade impregnado nas cores diáfanas de nosso pendão, numasinergia caótica com o mundo das tecnologias e dos raios que,
diferentemente dos da baianidade, não são de sol nemdas luzes dosorixás, mas de um aparelho apenas, aleatoriamente colocado ali, naquele momento, conformando uma quase coincidência entre a cultura do levar etrazer numerário, tão nacional, tão brasileira quantoum poema deTorquato."
À moda Ferreira Gullar: "Sujo, sujo, não como o poemamas como os homens em seus desvios.
"À moda Paulinho da Viola "Dinheiro na cueca é vendaval, é vendaval..."
À moda Camões: "Eis pois, a nau ancorada no portoà espreita dos que virão d'alémna cobiça da distante terra,trazendo seus pertences, embarcamminh'alma se afligetão cedo desta vida descontente."
À moda Guimarães Rosa: "No tudo. Ficado ficou. Era apenas a vereda errada dentre as várias.
"À moda Shakespeare: "Meu reino por uma ceroula!"
À moda Dráuzio Varela: "Ao perceber na fila de embarque o cidadão à frente, notei certa obesidade mediana na região central. Se tivesse me sentado aoseu lado durante o vôo, recomendaria um regime, vexame que me foi poupadopelos agentes da PF deplantão no aeroporto. Cuidado, portanto: nem todamorbidez é obesidade."
À moda Neruda: "Cem mil dólares e uma cueca desesperada.
"À moda Saint Éxupéry: "Tu te tornas eternamente responsável pelo quecarregas na cueca."
ESCÂNDALO E LITERATURA
O caso do dinheiro na cueca
À moda Haicai:
"Cueca e dinheiro,o outono da ideologia do vil companheiro."
À moda Machado de Assis:
"Foi petista por 25 anos e 100 mil dólares na cueca"
À moda Dalton Trevisan:
"PT. Cem mil. Cueca. Acabou."
À moda concretista:
"PT
cueca
cu
PT
eca
peteca
tepeca
cloaca".
À moda Graciliano Ramos:
"Parecia padecer de um desconforto moral. Eram os dólares a lhe pressionar os testículos".
À moda Rimbaud:
"Prendi os dólares na cueca, e vinte e cinco anos derutilantes empulhações cegaram-me os olhos, mas não o raio-x."
À moda Álvaro de Campos:
"Os dólares estão em mim já não me soumesmo sendo o que estava destinado a ser nunca fui senão isto: um estelionato moral na cueca das idéias vãs."
À moda Drummond:
"Tinha um raio-x no meio do caminho,e agora José?"
À moda Proust:
"Acabrunhado com todas aquelas denúncias e a perspectiva de mais um diatão sombrio como os últimos, juntei os dólares eelevei-os à cueca. Masno mesmo instante em que aquelas cédulas tocaram aminha pele,estremeci, atento ao que se passava de extraordinário em mim. Invadira-me um prazer delicioso, isolado, semnoção da sua causa. Esse prazer logo me tornara indiferente às vicissitudes da vida,inofensivos seus desastres, ilusória sua brevidade,tal como o fazem a ideologia e o poder, enchendo-me de uma preciosaessência."
À moda Kafka:
"Naquela manhã, K. acordara com os testículos embrulhados num gigantesco maço de notas novas."
À moda James Joyce:
" Aquele que se aproxima é o raio x... Lendo duas páginas por noite termino semana que vem... Por que me olha a funcionária dessa forma? Ninfomaníaca... O carpete granulado desaparecera sobseus pés, a esteirarolava a conduzí-lo, sabe-se lá para onde. Termino aleitura no avião.Me coçam as bolas, me embrulham essas folhasretangulares de cor-sem-corem tom pastel... Caso morra, é preciso enviar cópias a todas as bibliotecas do mundo, inclusive Alexandria. Ela é maníaca, não bastava me olhar assim, com esses olhos, e agora me quer tocar assim, com essas mãos, vai me conduzir à sala vip... o que fazer comela? Se eu mijasse destruía as cédulas?"
À moda TS Eliot:
"Que dólares são estes que se agarram a estaimundície pelancosa? Filhos da mãe! Não podem dizer! Nem mesmo estimam. O mal porque conhecem não mais do que um tanto deidéias fraturadas, batidas pelo tempo.E as verdades mortas já não mais os abrigam nem consolam."
À moda Lispector:
"Guardei os dólares na cueca e senti o prazer terrível da traição. Nãoa traição aos meus pares, que estávamos juntos, mas a séculos de umacrença que eu sempre soube estúpida, emboraapaixonante. Sentia-me ao mesmo tempo santo e vagabundo, mártir de uma causa e seu mais sujoservidor, nota a nota".
À moda Lênin:
"Não escondemos dólares na cueca, antes afrontamos osfariseusda social-democracia. Recorrer aos métodos que a hipocrisia burguesa criminaliza não é, pois, crime, mas ato de resistência e fratura revolucionária. Não há bandidos quando é aordem burguesa que está sendo derribada. Robespierre não cortava cabeças, mas irrigava futuros como sangue da reação. Assim faremos nós: o dólar na cueca é uma arma que temos contra os inimigos do povo. Não usá-la é fazer ojogo dos que querem deter a revolução. Usá-la é dever indeclinável de todo revolucionário."
À moda Stalin:
"Guarda a grana e passa fogo na cambada!"
À moda Gilberto Gil:
"Se a cueca fosse verde como as notas, teríamos resgatado o sentidode brasilidade impregnado nas cores diáfanas de nosso pendão, numasinergia caótica com o mundo das tecnologias e dos raios que,
diferentemente dos da baianidade, não são de sol nemdas luzes dosorixás, mas de um aparelho apenas, aleatoriamente colocado ali, naquele momento, conformando uma quase coincidência entre a cultura do levar etrazer numerário, tão nacional, tão brasileira quantoum poema deTorquato."
À moda Ferreira Gullar: "Sujo, sujo, não como o poemamas como os homens em seus desvios.
"À moda Paulinho da Viola "Dinheiro na cueca é vendaval, é vendaval..."
À moda Camões: "Eis pois, a nau ancorada no portoà espreita dos que virão d'alémna cobiça da distante terra,trazendo seus pertences, embarcamminh'alma se afligetão cedo desta vida descontente."
À moda Guimarães Rosa: "No tudo. Ficado ficou. Era apenas a vereda errada dentre as várias.
"À moda Shakespeare: "Meu reino por uma ceroula!"
À moda Dráuzio Varela: "Ao perceber na fila de embarque o cidadão à frente, notei certa obesidade mediana na região central. Se tivesse me sentado aoseu lado durante o vôo, recomendaria um regime, vexame que me foi poupadopelos agentes da PF deplantão no aeroporto. Cuidado, portanto: nem todamorbidez é obesidade."
À moda Neruda: "Cem mil dólares e uma cueca desesperada.
"À moda Saint Éxupéry: "Tu te tornas eternamente responsável pelo quecarregas na cueca."
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