FOTO TIRADA EM BH, NOS ANOS 80: eu, Letícia, Alexandre e mãe


Super mãe

Essa é a história de uma mãe que tinha como filhos todos aqueles que dela se aproximassem. Era mãe de seu marido, de sua mãe, seus irmãos, sobrinhos, vizinhos, de seus alunos, de seus filhos de verdade e até de seus netos (antes mesmo que eles nascessem). Negava-se a vender o apartamento da praia, pensando nos netos. Guardava brinquedos dos filhos para os netos. E assim vivia uma vida para os outros, acolhendo todos em sua infinita asa. No seu ninho, cabiam filhotes órfãos ou não. Seu coração era de todos, que sempre diziam que a queriam como mãe. Fazia a melhor lasanha, dizia as palavras mais doces, incentivava sem cobrar, dava os melhores presentes e dinheiro, mesmo que não a pedissem. Mas seu carinho e seus conselhos eram mais especiais que qualquer de seus mimos. Um dia, seu único filho homem de sangue, o mais velho, foi morar em terras longes. E, num traiçoeiro destino, a deixou também sua filha do meio (a mais parecida com ela) e, em seguida, a caçula (que mais trabalho lhe dava). A super mãe se viu menos mãe. Olhou-se no espelho com seus olhos azuis que já não brilhavam tão forte. Não conseguiu mantê-los abertos, e chorou. Muito triste foi nesse tempo em que a maior mãe do mundo tentava se descobrir de novo, se reencontrar, entender quem era ela, depois que tinham arrancado dela seu maior dom. Buscava um novo sentido para vida... E, depois de chorar dias, achou. Encontrou-se uma nova mulher, melhor. Agora, uma mulher que, entre outras coisas, sabia ser mãe. E adotou uma filha que, durante anos, foi abandonada por ela: ela. Começou a cuidar da menina, tratando de questões pessoais: do corpo, da alma e do coração. Academia, espiritismo, terapia. A menina cresceu rápido e transformou-se numa mulher, mais que nunca, admirada por todos os filhos que conquistou pela vida (mesmo sem fazer mais lasanhas).

por Denise
20/08/04